Lá vai o menino de rua,
sempre sujo, magro e faminto.
Não sei olhar, digo o que sinto?
Se casa tivesse e comer pudesse,
tão mau não seria, o menino que via.
Acorda assustado, com medo do dia.
Atrás de comida, andando ele ia.
Pedindo ou roubando ele some,
depende do dia, depende da fome.
Com outros meninos, a tarde ele passa.
Aprende a viver sem lança e sem caça.
O pão que não paga, um dia não basta,
e vai o menino subindo de casta.
Tão jovem e sem força, com arma na mão,
não mais se lhe pode negar com um NÂO.
O medo lhe toma e dispara o que tinha.
Mata sem ver e a polícia já vinha.
O pobre menino levado à gaiola,
não mais sente fome e nem gasta sola.
Tão poucos os anos que tinha,
não via que cedo crescia.
Lá vai o menino de rua,
perdido à estrada sua.
Saiu da gaiola criança,
ficou sua pobre esperança.
E quando a fome apertar?
nem adianta pensar.
Se o pão alguém lhe negar,
desordem grande fará.
Assim vive o menino.
Mais tarde aprende que pode,
do corpo tirar seu dote.
Se entrega com muito pesar,
aos homens que vão sem pensar.
Devoram o menino tão mouro,
depois lhe cobrem de ouro.
Assim vive o menino, de dor.
Vende a pureza na lua,
a cada senhor sem pudor.
Um dia, sei bem que vai,
das ruas sair, sem mais.
Ser o homem que quisera.
Vai-me agora uma quimera.
Por Raphael Ramires
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